Alcoólicas
[Hilda Hilst]
É crua a vida.
Alça de tripa e metal.
Nela despenco: pedra mórula ferida.
É crua e dura a vida.
Como um naco de víbora.
Como-a no livor da língua
Tinta, lavo-te os antebraços,
Vida, lavo-me
No estreito-pouco
Do meu corpo, lavo as vigas dos ossos, minha vida
Tua unha plúmbea, meu casaco rosso.
E perambulamos de coturno pela rua
Rubras, góticas, altas de corpo e copos.
A vida é crua.
Faminta como o bico dos corvos.
E pode ser tão generosa e mítica: arroio, lágrima
Olho d'água, bebida.
A Vida é líquida.
(Alcoólicas - I) + http://www.angelfire.com/ri/casadosol/palcoolicas.html
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Elegia
Alphonse de Lamartine
Tradução de Castro Alves
Amemos, vida minha!
E riamos do afã que os homens levam
Atrás de um fumo vão que lhes consome
Metade da existência, esperdiçada
Em sonhos e quimeras.
Não invejemos seu orgulho estéril;
Deixemos à ambição os seus castelos;
Mas nós, da hora incertos,
Tratemos de esgotar da vida a taça,
Enquanto as mãos a empunham.
+ http://www.carcasse.com/letras/obra.php?obra=340
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* sites legais:
http://contosdocovil.wordpress.com
http://pt.librarything.com
http://www.gargantadaserpente.com/
http://www.beksinski.pl/
11 de dez. de 2008
10 de nov. de 2008
Lírios Mortos, Silvino da C. Silva

"LIRIOS MORTOS", encerrando um punhado de versos classificados de sentimentais, nada mais é que o resultado de um parêntesis aberto em minha vida.
Trazido à luz sem qualquer interesse material - porque aí seria trahir a sua substancia primacial - "Lírios Mortos" só tem a ganhar a estima bondosos e admiração dos sinceros. Esse é seu escopo.
Não é uma contribuição, é antes um rogo de justiça para aqueles que sofrem e que com sua dôr inspiraram estes versos. A miséria, que habita em cada canto, fórma resultante da vida material de hoje, ainda faz reviver esse sentimento que aos poucos vai fugindo de todos, mas que - não sei bem explicar porque - perdura em mim, e faz-me viver bem com ele.
Todos pensam na Felicidade, porque julgam que se obtem essa dádiva progredindo na vida.
A maioria só deseja ser feliz para se tornar superior ao próximo.
No entanto, poucos são os que se julgam felizes nesta estrada tortuosa. E muitos são aqueles que, de sacrifício em sacrifício, de lagrima em lagrima, buscam esse premio sem o conseguirem.
Eu nunca busquei a Felicidade, porque penso que só nós mesmos a poderemos ter, quando, mais humanos do que somos, compreendermos as misérias dos outros, depois de termos compreendido as nossas.
Serei portanto, feliz. Feliz no sofrimento, feliz com os meus desejos, nos incontidos desejos de querer, ainda que imerso n’um oceano de amarguras!
Ha pobres que não têm pão. Há ricos que o tem e não o podem comer.
“Lírios Mortos” não será pão e nem felicidade.
E’ ainda o punhado de versos sentimentais, enfeixados num pequeno volume, em cujas paginas está a vontade de não fatigar o leitor numa leitura mutil.
Além de tudo, será como sempre foi, um parêntesis aberto em minha vida!
[Lírios Mortos, Silvino da C. Silva - S. Paulo, 1932. - trecho: Introdução do Autor. pagVI]
Trazido à luz sem qualquer interesse material - porque aí seria trahir a sua substancia primacial - "Lírios Mortos" só tem a ganhar a estima bondosos e admiração dos sinceros. Esse é seu escopo.
Não é uma contribuição, é antes um rogo de justiça para aqueles que sofrem e que com sua dôr inspiraram estes versos. A miséria, que habita em cada canto, fórma resultante da vida material de hoje, ainda faz reviver esse sentimento que aos poucos vai fugindo de todos, mas que - não sei bem explicar porque - perdura em mim, e faz-me viver bem com ele.
Todos pensam na Felicidade, porque julgam que se obtem essa dádiva progredindo na vida.
A maioria só deseja ser feliz para se tornar superior ao próximo.
No entanto, poucos são os que se julgam felizes nesta estrada tortuosa. E muitos são aqueles que, de sacrifício em sacrifício, de lagrima em lagrima, buscam esse premio sem o conseguirem.
Eu nunca busquei a Felicidade, porque penso que só nós mesmos a poderemos ter, quando, mais humanos do que somos, compreendermos as misérias dos outros, depois de termos compreendido as nossas.
Serei portanto, feliz. Feliz no sofrimento, feliz com os meus desejos, nos incontidos desejos de querer, ainda que imerso n’um oceano de amarguras!
Ha pobres que não têm pão. Há ricos que o tem e não o podem comer.
“Lírios Mortos” não será pão e nem felicidade.
E’ ainda o punhado de versos sentimentais, enfeixados num pequeno volume, em cujas paginas está a vontade de não fatigar o leitor numa leitura mutil.
Além de tudo, será como sempre foi, um parêntesis aberto em minha vida!
[Lírios Mortos, Silvino da C. Silva - S. Paulo, 1932. - trecho: Introdução do Autor. pagVI]
[texto: Lírios Mortos, Silvino da C. Silva - S. Paulo, 1932. - trecho: Introdução do Autor. pagVI]
[imagem: Death of Freedom 2003. Photos by Patti Levey - Taking Liberty]

...
"Enquanto mexia a geléia grossa, Estha pensou Dois Pensamentos, e os Dois Pensamentos que ele pensou são os seguintes: (a) Tudo pode acontecer para Qualquer Um e (b) É melhor estar preparado".
[imagem: Silence - Henry Fuseli (1741-1825)]
[texto: "O Deus das Pequenas Coisas" de Pandit Garan
+ http://www.germinaliteratura.com.br/bazaar2_mar2006.htm]
5 de nov. de 2008
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