29 de nov. de 2015

Quadrinhos, HQs, Arte Sequencial, o que é isso?


Histórias em Quadrinho (HQ) são as histórias narradas por uma sequência de desenhos com ou sem textos (utilizando balões de diálogo), consideradas também como "arte sequencial", termo criado por Will Eisner em seu livro Comics and Sequential Art que se refere aos quadrinhos como uma "modalidade artística" que usa o encadeamento de imagens em sequência para contar uma história ou transmitir uma informação.

O termo pode ser aplicado a outros meios, como filmes, animação e storyboards. Há quem considere que a arte sequencial exista há milênios e que os primeiros exemplos são as pinturas das cavernas.

"Deste modo, arte sequencial abarca grande parte das artes, uma vez que ela abrange a toda expressão que possui sequência. Logo, as pinturas rupestres foram as primeiras do grupo, por serem o modo mais primitivo do ser humano de registrar sua vida, desde a caça até as guerras. Ao passar dos séculos, as habilidades do homem foram se desenvolvendo e a maneira de grafar suas experiências também, como mostram vasos gregos, hieróglifos egípcios e, posteriormente, vitrais de igrejas. " (AMORIM, Naiana Mussato - Ramificações da Arte Sequêncial: ponos de intersecção (ou não) das histórias em quadrinho com a literatura)

As primeiras HQs tinham um forte teor humorístico o que está marcado na expressão norte-americana "comics", atualmente o termo aplicado a qualquer narrativa, incluindo suspense ou terror. Da mesma forma é o termo japonês Mangá; “man” quer dizer displicentes e “ga” significa histórias; ou seja, histórias displicentes. Mangá é um termo que pode ser usado para designar qualquer história em quadrinhos. No resto do mundo, porém, a palavra representa o estilo nipônico de criar as revistas.

Os últimos anos têm pautado a presença das histórias em quadrinhos na escola, tanto como atividade de leitura quanto em práticas usadas em sala de aula. Dos Parâmetros Curriculares Nacionais (

PCN) ao Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE), houve uma gradativa inserção do tema na área educacional brasileira. Mais do que isso: quadrinhos se tornaram política educacional do país. E a educação brasileira, com certeza, só tem a ganhar com isso.

"A data de 1996 é um marco importante para a trajetória de aceitação das histórias em quadrinhos como ferramenta pedagógica no Brasil. Nesse ano ocorreu a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) que, de certa forma, propunha um pacto entre este produto cultural midiático e a educação formal. Nesse sentido, ela “[…] já apontava para a necessidade de inserção de outras linguagens e manifestações
artísticas nos ensinos fundamental e básico”. (VERGUEIRO; RAMOS, 2009, p. 10)

As histórias em quadrinhos, HQs, gibis, revistinhas, ou historietas no Brasil começaram a ser publicadas no século XIX, adotando um estilo satírico conhecido como cartuns, charges ou caricaturas e que depois se estabeleceria com as populares tiras.



Mas o que forma uma história em quadrinhos?

Um quadro + Imagem + palavras (elementos trabalhando em conjunto). Os quadrinhos têm uma linguagem própria onde texto e imagens são lidos em conjunto, e também forma de distribuição das imagens é significativa. 

Outros elementos presentes são linhas que dão ideia de movimento, os balões de fala, onomatopeias:
 



Outro elemento muito significativo é a SARJETA, termo de Scott McCloud (um quadrinista americano e defensor dos quadrinhos como uma forma literária e de arte autônoma). McCloud explica que a sarjeta é o espaço em branco entre os quadrinhos. É nesse espaço que a imaginação do leitor extrai sentido entre as vinhetas. “Nada é visto entre dois quadros, mas a experiência indica que deve ter alguma coisa lá.” (p.67)

Os quadrinhos compartilham a mesma estrutura básica, tanto no ocidente quanto no oriente, mas com algumas diferenças:

No Oriente a leitura é feita da direita para esquerda. Os traços são mais estilizados e expressivos e são basicamente produzidos em nanquim (preto e branco) focando o baixo custo do produto final, e toda a produção geralmente fica por responsabilidade de apenas uma pessoa, que é o criador da história, o que deixa a criação mais autoral.

No Ocidente, quando mais famosa uma produção fica, maior a tendência dela passar por vários profissionais para ser produzida de forma comercial, criando grandes franquias de produção, que podem ser reproduzidos por décadas dentro de uma grande editora e passando por vários profissionais.

A produção dos quadrinhos pode contar com profissionais distintos para escrever o roteiro, desenhar, finalizar a arte, posicionar o texto e os balões e colorir. Mas também pode ser feita de forma mais pessoal, como a maior parte dos profissionais dessa área começam, com fanzines ou, mais recentemente com webcomics. Tudo isso deve ser feito considerando o suporte, a produção deve ser feita considerando-se onde vai ser veiculada.

Um fanzine é uma revista em quadrinhos amadora, feita de forma artesanal. É uma alternativa barata àqueles que desejam produzir suas próprias revistas e conta com estratégias informais de distribuição. Diversos cartunistas começaram desta maneira antes de passarem para espécies mais tradicionais de publicação, enquanto outros artistas estabilizados continuam a produzir fanzines paralelamente à suas carreiras.

Com a internet, vários métodos alternativos à produção clássica apareceram incentivando o espirito de "faça você mesmo", com diversos quadrinhos simples e amadores fazendo bastante sucesso.

Isso porque, no webcomic, o quadrinho é desconstruído, mudando completamente o processo de produção, as possibilidades de exploração da linguagem, e a maneira do leitor encarar tudo isso aproveitando os recursos que o mundo digital oferece. Estamos no momento de evolução da criação dessa nova mídia, dessa nova forma de arte sequencial.

Web Comics, também conhecido como "online comics" ou "digital comics" são histórias em quadrinhos publicadas na internet. Muitas webcomics são divulgadas e vendidas exclusivamente na rede, enquanto outras são publicadas em papel mas mantendo um arquivo virtual por razões comerciais ou artísticas.



Referências:
AMORIM, N. M. ; DALCASTAGNE, R. . Ramificações da arte sequencial: pontos de interseção (ou não) das histórias em quadrinhos com a literatura. In: II Jornada de Estudos sobre Romances Gráficos, 2011, Brasília. Anais da II Jornada de Estudos sobre Romances Gráficos 2011, 2011. Disponível em: Acesso em 29 de nov. de 2015

McCLOUD, Scott. “Usando a sarjeta”. In: Desvendando os quadrinhos. São Paulo: Makron Books (1995): pp. 60,93.

SALMO, D. A Arte Sequêncial. Educação Pública. abr. 2013. Disponivel em Acesso em 29 de nov. 2015

SANTOS, R. E. ; VERGUEIRO, W. . Histórias em quadrinhos no processo de aprendizado: da teoria à prática. Eccos Revista Científica (Impresso), v. 27, p. 81-95, 2012


VERGUEIRO, Waldomiro. Quadrinhos e educação popular no Brasil: considerações à luz de algumas produções nacionais. In: VERGUEIRO, Waldomiro; RAMOS, Paulo (Org.). Muito além dos quadrinhos: análises e reflexões sobre a 9ª Arte. São Paulo:Devir, 2009. p. 83-102.


Interessante:
+ O Que São Quadrinhos? https://www.youtube.com/watch?v=kPBLNUS6w8U (O vídeo foi desenvolvido pela equipe de alunos, bolsistas e voluntários da PUC-Rio.)
+ Blog Mania de Gibi: http://blogmaniadegibi.com/2012/10/o-que-sao-quadrinhos/
+ Criatividade Solúvel: https://criatividadesoluvel.wordpress.com/2012/07/23/o-que-e-arte-sequencial/
+ Canal do Educador: Histórias em Quadrinho e os Parâmetros Curriculares Nacionais: http://educador.brasilescola.uol.com.br/trabalho-docente/historia-quadrinhos.htm
+ Scott McCloud Oficial: http://scottmccloud.com/

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