29 de nov. de 2015

Gibitecas

As histórias em quadrinhos, mais consolidadas como forma artística e literária, passaram a ser vistas pela sociedade de forma diferente, deixaram de ser uma leitura exclusiva das crianças e alcançaram os mais diversos públicos e faixas etárias, abandonando estigmas pejorativos e preconceituosos, inclusive nas áreas pedagógicas e acadêmicas.

Cada vez mais os frequentadores das bibliotecas solicitam os quadrinhos e aos poucos alguns responsáveis por bibliotecas também começaram a criar espaços específicos para elas.

Bibliotecas especialmente dedicadas à coleta, armazenamento e disseminação de histórias em quadrinhos são instituições genuinamente brasileiras, batizadas com o nome de gibiteca, um neologismo que mescla a forma como as revistas de histórias em quadrinhos são tradicional e carinhosamente referidas no país – gibis -, com as unidades de informação - bibliotecas.

A primeira gibiteca brasileira a surgir dentro de um serviço de biblioteca pública, foi a Gibiteca Henfil, possuindo o maior acervo do país, com mais de 100 mil exemplares. Além de possuir um vasto acervo e ser responsável por um dos maiores índices de freqüência das bibliotecas públicas da cidade de São Paulo, a Gibiteca Henfil também se coloca como um grande centro de eventos relacionados com os quadrinhos, promovendo cursos, exposições, palestras, debates e lançamentos de novas obras e servindo como ponto de encontro para reuniões de leitores e de associações de quadrinistas.

Seria difícil afirmar o número exato de gibitecas atualmente existentes no Brasil. Sabe-se que várias cidades, como Belo Horizonte (MG), João Pessoa (PB), Brasília (DF), Santos (SP) e São Bernardo do Campo (SP) as possuem. Algumas vezes, elas são vinculadas a bibliotecas públicas; outras, a instituições privadas.

Em termos educacionais, o início de uma mudança mais contundente veio com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), promulgada em 20 dezembro de 1996, que já defendia a necessidade de inserção de outras linguagens e manifestações artísticas nos ensinos fundamental e médio (BRASIL, 1997). A LDB abriu as portas do ensino para as histórias em quadrinhos, como também para outras linguagens e manifestações artísticas. No entanto, a “oficialização” dos quadrinhos como prática de sala de aula só viria mesmo a ocorrer no ano seguinte ao da promulgação dessa lei, com a elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), criados na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso, que trouxeram uma releitura das práticas pedagógicas aplicadas na escola.

Mais recentemente, a partir de 2006, houve outro movimento no sentido de inserir os quadrinhos na área de ensino: eles passaram a ser incluídos na lista do PNBE (Programa Nacional Biblioteca na Escola), que compra obras de diferentes editoras e as distribui a escolas dos ensinos fundamental e médio.


Referência:

+ BARI, Valéria Aparecida ; VERGUEIRO, Waldomiro. As histórias em quadrinhos para a formação de leitores ecléticos: algumas reflexões com base em depoimentos universitários. Revista Comunicação e Educação. São Paulo: Paulinas, v. XII, n.1, p.15-24, jan-abr 2007.
+ VERGUEIRO, Waldomiro. Histórias em quadrinhos: uma alfabetização necessária. In:
+ RAMA, Angela; VERGUEIRO, Waldomiro (orgs.). Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2004. p. 7-29.
+ VERGUEIRO, Waldomiro. Histórias em quadrinhos. In: CAMPELLO, Bernadete Santos;
+ CALDEIRA, Paulo da Terra; MACEDO, Vera Amália Amarante (orgs.) Formas e expressões do conhecimento: introdução às fontes de informação. Belo Horizonte: Escola de Biblioteconomia da UFMG, 1998. p. 115-149.

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