10 de nov. de 2008

Lírios Mortos, Silvino da C. Silva


"LIRIOS MORTOS", encerrando um punhado de versos classificados de sentimentais, nada mais é que o resultado de um parêntesis aberto em minha vida.
Trazido à luz sem qualquer interesse material - porque aí seria trahir a sua substancia primacial - "Lírios Mortos" só tem a ganhar a estima bondosos e admiração dos sinceros. Esse é seu escopo.
Não é uma contribuição, é antes um rogo de justiça para aqueles que sofrem e que com sua dôr inspiraram estes versos. A miséria, que habita em cada canto, fórma resultante da vida material de hoje, ainda faz reviver esse sentimento que aos poucos vai fugindo de todos, mas que - não sei bem explicar porque - perdura em mim, e faz-me viver bem com ele.
Todos pensam na Felicidade, porque julgam que se obtem essa dádiva progredindo na vida.
A maioria só deseja ser feliz para se tornar superior ao próximo.
No entanto, poucos são os que se julgam felizes nesta estrada tortuosa. E muitos são aqueles que, de sacrifício em sacrifício, de lagrima em lagrima, buscam esse premio sem o conseguirem.
Eu nunca busquei a Felicidade, porque penso que só nós mesmos a poderemos ter, quando, mais humanos do que somos, compreendermos as misérias dos outros, depois de termos compreendido as nossas.
Serei portanto, feliz. Feliz no sofrimento, feliz com os meus desejos, nos incontidos desejos de querer, ainda que imerso n’um oceano de amarguras!
Ha pobres que não têm pão. Há ricos que o tem e não o podem comer.
“Lírios Mortos” não será pão e nem felicidade.
E’ ainda o punhado de versos sentimentais, enfeixados num pequeno volume, em cujas paginas está a vontade de não fatigar o leitor numa leitura mutil.
Além de tudo, será como sempre foi, um parêntesis aberto em minha vida!

[Lírios Mortos, Silvino da C. Silva - S. Paulo, 1932. - trecho: Introdução do Autor. pagVI]




[texto: Lírios Mortos, Silvino da C. Silva - S. Paulo, 1932. - trecho: Introdução do Autor. pagVI]
[imagem: Death of Freedom 2003. Photos by Patti Levey - Taking Liberty]
"Quando a quietude chegou, foi para expandir-se dentro de Estha. Brotou de sua cabeça e o envolveu com braços pantanosos. Embalando-o ao ritmo de uma pulsação antiga, fetal. Projetou seus tentáculos com ventosas furtivas deslizando pelo interior do crânio, aspirando os picos e depressões de sua memória, deslocando velhas frases, que surrupiava da ponta da língua dele. Despiu seus pensamentos das palavras que os descreviam deixando-os esfolados, nus. indizíveis. Entorpecidos. E para um observador, portanto, talvez quase ausentes. Lentamente, ao longo dos anos, Estha foi se retirando do mundo. Acostumou-se ao inquieto polvo que vivia dentro dele e esguichava uma tinta tranqúilizante sobre seu passado. Gradualmente, a razão de seu silêncio foi se escondendo, sepultada no fundo das dobras serenas do fato em si."


...
"Enquanto mexia a geléia grossa, Estha pensou Dois Pensamentos, e os Dois Pensamentos que ele pensou são os seguintes: (a) Tudo pode acontecer para Qualquer Um e (b) É melhor estar preparado".


[imagem: Silence - Henry Fuseli (1741-1825)]
[texto: "O Deus das Pequenas Coisas" de Pandit Garan
+ http://www.germinaliteratura.com.br/bazaar2_mar2006.htm]

5 de nov. de 2008

HOFFMANN - Contos Nocturnos











CONTOS NOCTURNOS - HOFFMANN










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1907
[*FAC. DE FILOSOFIA CIÊNCIAS E LETRAS]