Bendigo os lírios d’alma, amortecidos lírios,
Que tombam sem olor em anciãs dos martírios!
Lírios! Que por camena erguidos da miséria,
Ao cálamo oferece esta camena etérea,
Esta carme de dor! Lírios negros... horríveis...
As divicias do amor! Lírios tão marcescíveis,
Que aliciam o pó e se entregam ao nada.
Lírios negros - a fome, a dor imaculada,Imaculada dor.
O’ lírios fenecidos
Em sentimentos mil, em acroamas nascidos,
Que fazem soar pelas dores liriais...
No lodo impuro - a vida,
entreabrem-se lírios:
- Dores, misérias vis...
almas entre delírios...
Os lírios sem olor que sucumbem com a sorte,
E sucumbem sorrindo...
os lírios:
atroz esquecimento,
Oculta atra miséria e na miséria expira...
Porém, meu sentimento, a minha doce lira,
Tange.
Minha alma, chora:
a lira,
tange e chora...
Minha alma triste...
Sente horrores e se penhora.
Na miséria e na dor
que sinto no meu peito:
Na miséria e na dor
de que este mundo é feito!
Lírios d’alma Senhor, são negros, espinhosos,
Que na miséria são, espinhos dolorosos,
Ferindo a humanidade, envenenando a vida”
Que inspira compaixão!
Lírios, espinhos são:
Sacros, sentimentais,
de divinal unção!
Prantos de desespero, herpes só de infortúnios....
Prantos, consolo da alma, herpes de plenilúnios!
Ó! Quando cai um pranto,
um doce lírio tomba;
Quando um gemido esvai,
um doce lírio zombaEmurchecido na haste e emurchecido... morre;A seiva se desprende....
e chora...
e pranto escorre!
Ó lírios de minha alma, ó lírios divinais!
Lírios negros - misérias, atroz, sentimentais!
Lírios de minha vida - um mar de sentimentos,
Um mar de dores feito, um mar cheio de portos,
Benditos
lírios
da alma,
ó negros
lírios
mortos!
[Lírios Mortos, Silvino da C. Silva. São Pailo, 1932 - pagina 86]
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